06 agosto, 2007

...de nada se queixa.

Em tempos, alguém terá dito que bebia porque era liquido, porque se fosse sólido comia. Mas há por estas bandas certos lugares onde, das duas uma, ou tudo é liquido ou esta gente até os sólidos bebe...
Que o diga o Adolfo, que deixou para trás uma vida de funcionário público em Portugal, para rumar a Dinamarca, onde vive há sete anos da recolha de garrafas nas ruas de Copenhaga.
Exerce a sua actividade no "turno da noite ", porque é quando há mais trabalho, que lhe proporciona um "salário" invejável e lhe permite poupar o equivalente a 50 Euros por dia, que deposita no seu banco estatal, uma casa de banho pública, onde tem um cacifo alugado ao mês.
Os restantes e parcos haveres, guarda-os num carrinho de mão, coberto por um oleado, que lhe serve também para transportar o material recolhido.
Não experimenta qualquer hesitação em se assumir como um "sem-abrigo"que come e bebe bem, não obstante dormir onde calha.
Adolfo de nada se queixa, todos os anos faz férias em Portugal, para onde viaja de avião, mas recusa regressar definitivamente. Sente-se bem aqui e é aqui que quer morrer daqui a muitos anos.
Adolfo é o único português a viver nas ruas de Copenhaga e garante que é um bom representante de Portugal nestas paragens.

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