24 novembro, 2007

Nas asas do insulto

À medida que as companhias aéreas de low cost vão invadindo o nosso espaço, a TAP/ANA/Groundforce vão, cada vez mais, refinando a sua qualidade de empresas de low service.
Começa a ser penoso viajar numa espécie de “CP” com asas, que parte quando e onde parte e chega quando e onde chega.
Desta vez o motivo do atraso de duas horas e meia na saída do voo para Copenhaga, foi plenamente justificado pelas condições atmosféricas, todavia, as vicissitudes porque passaram os passageiros, entre os quais três portadores de deficiência motora, foram absolutamente intoleráveis.
Eram vários os voos atrasados, mas este teve a particularidade de ver alterada a porta de embarque, sem que essa mudança fosse anunciada na instalação sonora. Valeu que alguém reparou no painel electrónico e substituiu-se aos altifalantes.
Depois, teve lugar uma espera de quinze minutos dentro de um autocarro superlotado, que mais parecia o vagão “J”, no interior do qual os "cavalos lusitanos" não chegavam à meia dúzia, já que a maioria era constituída por "alazões nórdicos" do tipo Arvak e Alsvid. Seguiu-se uma viagem que nunca mais acabava, cheia de curvas apertadas e que a certa altura me fez pensar que já estaríamos a caminho do aeroporto “+1”.
Chegados junto do avião tivemos cinco minutos de clausura com o autocarro completamente fechado e debaixo de sol que entretanto já se fazia sentir com intensidade.
Alcançado, finalmente o lugar que me atribuiram, quedei-me estupefacto e profundamente incomodado com a cena Kafkiana que desfilou perante o olhar atónito de todos: Uma das passageiras, paraplégica, foi transportada ao colo do seu companheiro, desde a pista até ao respectivo lugar, depois de ter aguardado numa cadeira de rodas exposta ao sol, que todos os passageiros se tivessem instalado.
E por aqui aterro, porque me é difícil tecer mais considerações sobre esta sequência de episódios tão constrangedores, já que se isto não é um insulto, sinceramente, não sei o que é um insulto.

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