08 dezembro, 2007

Europa/África

Imagem: Haaba



Quando os brancos vieram para África, nós tínhamos as terras e eles tinham a bíblia e ensinaram-nos a rezar de olhos fechados. Quando os abrimos, os brancos tinham as terras e nós a bíblia. Jomo Keniatta

O que é que de substancial mudou entretanto, para além da emergência de uns quantos próceres, negros por fora mas "brancos colonialistas" interiormente que, uma vez alcandorados ao poder, não hesitaram em fazer tábua rasa de todo um passado de luta contra a opressão e a exploração.
São poucas as excepções de dignidade no seio dos actuais líderes e novos sátrapas do continente africano.
Também não serão muitos os dirigentes europeus que renegam com sinceridade o passado colonial e assumem com lealdade uma posição fraterna e solidária.
Todos eles, os bons e os maus, participam agora numa cimeira organizada com pompa e circunstância, da qual, a julgar por outros antecedentes e não obstante algumas boas vontades em proclamar e aprofundar a defesa dos Direitos Humanos, pouco mais resultará do que a consolidação da partilha obscena e do saque impiedoso, pelos vários protagonistas, de um continente, prévia e habilmente esquartejado, a régua e esquadro, numa geometria atentatória da idiossincrasia e da liberdade dos povos autóctones, aos quais continua destinado o papel de condenados da história.
De quando em vez, como diria Tomaso di Lampedusa, é necessário que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma.

Etiquetas: