28 maio, 2007

O ex-tudo

Depois de se ter afirmado como o caso de mais completa inanidade primo-ministerial que este País já conheceu, o ex-tudo mais famoso cá do burgo continua a andar por aí, conservando o mesmo ar factício que cultivou ao longo dos tempos.
É por demais demais visível que a onfalite crónica de que padece, constantemente agravada por crises de narcisismo militante, não lhe dá tréguas e impede-o de perceber os limites da sua leveza intelectual.
A pseudo-pose de estadista não lhe faz moldura; ficava mais natural quando se apresentava com aquele aspecto falsamente négligé, mais ao jeito das noites das docas ou da vinte e quatro barra sete. Tão pouco a atitude, pretensamente polida, que se esforça por aparentar, vai além de uma camuflagem mal conseguida do chinelo, que é a forma que melhor se adequa ao seu pé.
Perito na arte de tolejar, sempre que refere a alguém ou se pronuncia sobre qualquer matéria, nada de substancial é possível reter, já que muda sistematicamente de registo. Tudo nele é leviano e improvisado e o que diz está inevitavelmente sujeito a errata.
Ainda não entendeu porque é que o país foi tão cruel para ele e continua penosamente a vitimar-se e insinuar ameaças veladas contra todos os que lhe cortaram as vazas. Tal é o seu desejo de desforra que, num destempero de fera digno de um filhote do Jardim, decidiu classificar de estaliniano e nazi o comportamento do Presidente do seu partido -que nem sequer usa bigode- para logo a seguir, com o ar lamuriento a que nos habituou, vir desdizer-se no meio de um torvelinho de ideias desencontradas em que apenas a discordância pela discordância, ganhou volume.
E foi desta maneira que, fazendo jus à linha em tempos definida com os pés bem assentes, este famoso voltou a assomar à janela da Ribalta, não obstante saber que, ao contrário do outro conviva, ainda não chegou o seu tempo, se é que alguma vez vai chegar, mas incapaz de aquietar a própria sombra, da qual é, aliás, um indefectível seguidor.
Apesar de tudo, não deixa de se integrar perfeitamente na feira em que o país cabisbaixo se transformou, quanto mais não seja porque não destoa assim tanto...

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