13 setembro, 2007

Felipão

Filipe IV, também conhecido pelo Felipão, já por cá anda há uns largos anos. É a velha mania dos Filipes, os outros três ficaram por 60 anos e, por acaso, até nem entraram mal, o pior foi que depois, deitaram-nos a frota ao fundo.
Também este nos habituou à angústia dos naufrágios iminentes e não obstante se ter sempre aguentado que nem um pirata, acabou normalmente por "morrer" na praia, mas sem nunca largar os destroços que lhe permitiram voltar a cavalgar a onda.
É uma espécie de Imperador em forma de sargento, ungido pela graça da Senhora de Caravaggio, que lhe concedeu um perfil notável, do qual ressaltam: a conquista de um campeonato do mundial de futebol, uma rentável incursão ao mundo dos petrodólares, o apoio à ditadura militar dos anos sessenta a oitenta no Brasil, a apologia da tortura em "determinadas situações" (esta nuance é de um humanismo enternecedor).
Todavia, o seu sinal mais marcante é a confessada admiração que nutria por essa figura torpe que foi Pinochet. Aliás, sempre que o vejo aos saltos no estádio, vem-me à memória a imagem terrível de outro estádio, em Santiago do Chile, em que não havia bandeiras nem golos mas prisioneiros, vivos e mortos.
Caviloso como poucos, muda rapidamente da pose de cavaleiro de fino trato em defesa da sua dama -a selecção, para o comportamento de eguariço à prova de coice, que é no fundo a sua condição mais genuína.
Diz-se que aufere um salário mensal equivalente ao total recebido por 300 dos seus compatriotas imigrantes no nosso país, rendimento esse que, seguramente, aplica na Caixa de cujos benefícios faz publicidade, mas que da taxa, pelos vistos, só ele é que beneficia.
De sublinhar igualmente, que nas suas credenciais consta também a prestimosa contribuição que deu ao estreitamento das relações com a República Popular da China, ao promover o desenvolvimento da indústria têxtil daquele país, graças à produção em série das bandeiras que, de súbito, passaram a ornamentar os estendais das varandas da Tugalânda, em alegre alternância com cuecas, ceroulas e outras peças íntimas de todas as cores e feitios.
Antes da contenda terrível que ontem teve que disputar proclamou, numa patética fanfarronice para preparar as hostes, que: Ou matava ou morria!
Só que, desta vez, a jactância de que sempre fez alarde, não foi além de uma truanice de feira espelhada num semi-soco dado no inimigo.
E por aí se ficou, espero que definitivamente.
Imagem: Web

Etiquetas: