17 setembro, 2007

Política e Culinária política

Maria José Nogueira Pinto é o maior expoente da inteligenzia pós-fascista portuguesa que se mantém na política activa.
Após regressar do exílio, conseguiu dissimular com notável habilidade a sua posição ideológica, introduzindo-lhe até algum aggiornamento. Porém nunca fez uma reconversão absoluta, como provam as recentes declarações ao “Expresso”.
Ao invés de muitos dos seus oportunistas ex-parceiros, hoje “cristãos novos” e grandes comilões da gamela que a Democracia lhes serviu, nunca a vimos dar mostras de evidentes manifestações de proselitismo, quanto muito uma ou outra referência conjuntural aos valores democráticos.
Curiosamente, foi a tolerância do pós-25 de Abril que lhe permitiu desempenhar um papel de algum destaque na cena política nacional, nomeadamente no partido mais à direita do espectro partidário, com o qual foi, entretanto, rompendo em lume brando, até que lhe saltou a tampa e a caldeirada veio por fora.
Parece ter chegado agora, a ocasião adequada para retomar a apologia do seu chefe histórico, i. é, Salazar, o que é perfeitamente natural, depois de o marido ter traçado o panegírico do defunto déspota e efectuado um hábil exercício de branqueamento e até de exaltação do regime.
Percebe-se pois claramente que, em face de uma direita que se arrasta, de malga estendida, com evidentes sinais de fraqueza, para não dizer fome, se estarão a reunir os ingredientes para uma ementa de Cuisine Française, que nem seria incompatível com o chop Suey à Martin Moniz. Talvez uma receita mista inspirada em Sarkosy–Le Pen, mas mais refinada e confeccionada com outra elegância.
Aguardemos para saber quem vão ser os convivas do banquete e, principalmente, quem ajuda a abrir o restaurante.

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